sexta-feira, 20 de março de 2009

Mentira

Pena com a qual o diabo grafa sua assinatura, em almas desviadas e sedentas, é a língua de quem mente.
Bicho de sete cabeças, muitas vidas e mil caras, viciosa possessão é a mentira que enche de sombra os corações. Toma espíritos viúvos e enlutados. Vive na solidão das desgraças, na dor e no sofrimento que causam o vício e a doença.
Provoca o egoísmo e o desprezo pelos sentimentos alheios. Deixa-se notar na imagem distorcida que temos de nós mesmos. É manifesta pela palavra de quem ofende a razão e o bom senso.
Faz brilhar os verdes olhos da falsa esperança e torna plena a imensidão do claustro céu azul.
Insídia que incita o flerte da vaidade com o ego, a guerra do infeliz contra o esfomeado, a batalha entre a solitária e a mal-amada.
Responsável pela prisão de mentes jovens e pela debilidade de suas consciências, de alguma maneira, está de mãos dadas com o fim prematuro dos bons e com o sempre precoce triunfo da perversidade.
Mentira que não deveria fazer parte da vida, já que acontece exatamente quando a morte mostra a mais assustadora de suas faces.