Revelação
Levou uma vida que teve de tudo, de toda a qualidade e tipo.
Foi assim desde criança. Logo se converteu em um adolescente da pá virada, como todos o são, ou pelo menos deveriam ser pois, perder a adolescência é desperdiçar o algo a mais que a vida pode nos oferecer.
É deixar de aprender a conviver com a falta e a amar a liberdade quando ela abre as asas e nos abraça. Não matar aula sim é um pecado, que me desculpem os senhores pais, professores e responsáveis.
Daí ao jovem arrogante, presunçoso e falastrão foram poucos anos. Verdade que esse aí se divertiu. Podemos até dizer que se fartou. Impulsionado por uma evolução quase que meteórica, tudo a ele apontava a direção de carreira profissional e vida pessoal promissoras.
Mas logo veio a vírgula esquecida, a bebedeira indevida, o tombo, lhe sequestraram os maus hábitos e tudo o mais que transformou seu caminho em uma trajetória errática, cheia de idas e vindas; voltas, reviravoltas e revoluções existenciais, como a que está por vir.
Guardada a distinção de ter sido esta declarada por uma bênção angelical e alegórica; de essência e forma puramente humanas, e, por isso, trazer consigo a esperança de que seja a última e definitiva. Aquela que não fará prisioneiros, vítimas ou derrotados. Aquela da qual só sairão vingados, libertos e vitoriosos... Que assim seja.