terça-feira, 11 de novembro de 2008

SóUmSoneto

Vamos ver se com um abraço enlaço um coração
Quem sabe num piscar de olhos volto a sorrir
Vamos ver se com um sorriso conquisto o paraíso
Quem sabe num estalar de dedos morro de rir

Não quero mais desassossego, só muito chamego
Não tenho mais mérito nem perdão, abro mão
Não quero mais ir dormir cedo, acordar de medo
Não tenho mais obrigação nem dia sim, dia não

Quero conviver com aquela gente da boa,
de alma serena e coração profundo
Quero passar muito tempo vivendo à toa

Quero gozar da vida cada segundo e assim,
nem que seja sozinho e só para mim,
quero ser o homem mais feliz do mundo

domingo, 9 de novembro de 2008

Doutor

Parado ele fica ali. Contempla e faz suas considerações sobre algo muito delicado e que trata de maneira pouco zelosa. Aquele é o lugar onde costuma pensar na vida.
Na dele e na dos demais, já que há tempos concluiu que cuidar da vida dos outros é bem mais fácil, e dá muito menos trabalho, do que tratar da própria.
Sente saudade de uma existência a qual nunca experimentou, de tempos em que não viveu. Sofre desesperadamente por paixões nunca correspondidas. Padece de um platonismo crônico. Escreve cartas as quais nunca envia e lamenta reentrantemente as respostas não recebidas. Recita poemas ao vento. Conta estrelas observado por São Jorge, com quem se confessa tendo a solitária lua como testemunha. Mas não se trata de mais um vagabundo, de um trotamundos qualquer... O homem é doutor.
Seu único ato irresponsável foi confiar a si mesmo o próprio destino. Enveredou então pelos caminhos que levam ao poço que espreita, que fica à espera de quem se perde na desesperada tentativa de encontrar uma saída.
Mesmo asim, jura que ainda estará vivo e assistirá de camarote à grande mudança.
Aos que o acham delirante e totalmente dispensável, arrazoa.
- Eu estou aqui, fazendo absolutamente nada além de imaginar algo que poderia, mas provavelmente não farei.
Em seguida, ele inquire:
- E vocês aí me olhando... Tão fazendo o que mesmo?